sexta-feira, 20 de maio de 2011

Caetano e Maria Gadú trocam conquistas em DVD









Maria Gadú chora muito enquanto Caetano Veloso, a seu lado no palco, canta "Shimbalaiê". A cena do DVD que chega às lojas no dia 23 - após exibição no Multishow, na véspera, do show gravado no Rio em dezembro passado - comove, mas não surpreende: é a artista de 24 anos vendo um de seus maiores ídolos interpretar a canção que fez aos 10. 





Se Caetano cede o peso de seu nome e sua obra para endossar a ainda iniciante cantora, ganha em troca um público que, em grande parte, não vai nem a seus shows com a banda Cê, mais roqueiros. É "uma plateia bem Gadú", como diz ele, de 68 anos. Daí, justifica, a inclusão no repertório da já tão executada "Sozinho", de Peninha.


- Cantar com a Maria Gadú significa cantar para um público grande. E "Sozinho" é justamente um exemplo desse fenômeno tendo acontecido comigo. Aquilo tem que ser reafirmado na hora em que você está com esse tema - diz ele, que incluiu a música dentre as oito que interpreta sem Gadú, ao lado de "Odeio", "De noite na cama" e outras.


'Irracionalmente popular'


Esse bloco termina com "Alegria, alegria" e "Shimbalaiê", canções que Caetano aproxima no espetáculo por serem os primeiros grandes sucessos de ambos:


- Todos se lembram de "Alegria, alegria", mas eu não gosto tanto, nunca fui fã. Há um paralelo com "Shimbalaiê", tem a ver com uma canção se tornar quase irracionalmente popular.


Gadú diz ainda não estar enjoada de cantar sua música mais conhecida, mas sim de escutá-la.


- Ela saiu do meu controle. Eu entro no táxi, está tocando, e não é a música que eu gostaria de ouvir - conta a paulista radicada no Rio, "bastante surpresa" com a condição de popstar, adquirida em apenas dois anos. - Sempre fiz música sem pensar nesse propósito. Tinha até medo de gravar, congelar algo, porque, se não gostasse, ia não gostar para sempre. Fiquei assustada e ainda estou.


Ela pretende em breve "ficar um tempo sem fazer nada para ver se dá frutos para um novo CD". Caetano está produzindo o disco de Gal Costa só com músicas suas - sendo apenas duas não inéditas - e emendará com o terceiro projeto com a banda Cê.


Nas brechas, os dois farão novas apresentações juntos, apenas com seus violões, divulgando o DVD dirigido por Fernando Young e Gualter Pupo - que também sairá em CD duplo. Eles cantam, dentre outras, "Beleza pura", "Vaca profana", "Rapte-me camaleoa", "Nosso estranho amor", "Sampa" e, fundamental para Gadú, "O quereres", cuja letra ela tem escrita na porta de sua cozinha - "e não só lá", diz, misteriosamente.


- É a minha música preferida. De todas as músicas que existem - assinala.
Caetano conheceu Gadú vendo-a cantar no extinto Cinémathèque. Tinham lhe dito que era a nova Cássia Eller, mas ele a associou a Marisa Monte. E Gadú confirmou sua afinidade maior com Marisa.


- Eu dei uma dentro - festeja ele. - Ela não canta como Marisa, mas você sente que aquilo foi mais exemplar para ela. Como as duas parecem um moleque, lembraram logo de Cássia. Mas, cantando, Gadú não é um moleque.

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